Existem alguns momentos que precisamos dizer o que realmente está dentro de nós, mesmo que pareça errado, ou estranho, ou seja lá o que for, mas talvez exatamente por isso precise significar alguma coisa, ou o mero fato de exisitir mostra que daqui um tempo nem vai mais significar nada.
Dado momento, não é mais hora de apostas por mais que seja viciada nelas, nem há mais o que apostar, nem há mais jogos, eles eram suficientes há tempos atrás e não que tudo tenha mudado de repente, mudanças assim não fazem bem, tempestade que chega do nada nunca pode ser coisa boa, é maremoto, a mudança sempre vem aos poucos acompanhada de doses diferentes, seja ela alcoólica ou não. Por mais que eu sempre vá continuar assistindo tudo com meu vinho na mão e olhando por cima dos óculos, olhar de quem escreve como se tudo fosse meramente personagem, como se nem fizesse parte de um elenco principal, porque dessa vez o ar é outro. E bem lá no fundo talvez deseje que o que meu avô sempre dizia seja verdade um dia.
Não é tão complicado assim, nem deve ser e tem sido ótimo. Eu não posso ir além dos limites que me impus, mas posso criar regras novas. Acho que quando a gente menos imaginar o jogo já vai ter mudado.
Conhecer alguém de verdade até poder se conectar de fato exige muitos fatores, química, física, afinidade (já dizia Bial, rs), fatores talvez até cósmicos ou que a gente nunca vai saber porque x pessoa apareceu na sua vida naquele tal dia e você nunca tinha notado nada antes ou tudo aconteceu logo alí... Acho que no fundo a gente nunca sabe mesmo, mas tem coisas que podemos fazer mais, seja por nós ou por quem entra, porque no final se for pra restar só, você estará com sua verdade e isso vale mais que qualquer coisa.
Pra se conectar de verdade, você mostra quem você é o tempo todo, não só contando histórias velhas que te moldaram pra ser quem é, não só estando lá, mas no que você mostra ser na maneira como age, como é incrível olhar ou reparar algum ato de alguém que você gosta e ver que é exatamente lá, naquela vírgula daquele movimento que você tá preso, naquele jeito de falar ou fazer alguma coisa, em quantas vezes você pensa que nunca vai entender como aquela pessoa acredita que você pode fazê-la feliz, quando dentro de si é difícil acreditar que felicidade ainda exista dessa maneira.
Você mostra quem é o tempo todo. Mostra quando abre seu livro favorito, mostra quando fala com paixão sobre algo que gosta, quando compartilha algo que não gosta, quando mostra até seus maiores defeitos sem pensar se o outro vai embora porque você apenas é tudo que é. E isso basta.
Você mostra o que sente mesmo sem dizer nada, acredito que se conectar é isso, compartilhar o que acontece sem nem perceber que já falou todo seu dia, pode ser em níveis diferentes, sem rótulos, sem amar também, porque se conectar é melhor que isso, o amor pode existir mas não faz ninguém ficar. O amor pode visitar ás vezes, mostrar quem você foi, mas é com quem você se conecta daqui pra frente que vai poder dizer se o amor te visitará outra vez.
Pra se conectar você acredita e pode estar errado, mas vai ainda assim, eu não tenho mais medo. Mas eu sei de muitas verdades agora e isso nem me preocupa pois apago mentalmente toda vez que me recordo, porque aproveito pra render mais um texto.
Eu curto meu novo silêncio até que ele queira gritar novamente. Plena, em paz.
Eu quero me conectar até que a gente não exista mais. O amor só pode renascer quando um botão se abre até se ferir novamente.
